FONTES DE ENERGIA

 

Gás Natural 

A situação do gás natural é diferente do petróleo conforme mostra a Figura.

Apenas os dois maiores produtores - USA e Rússia - são responsáveis por 40% da produção mundial de gás natural. O índice de Herfindahl modificado de 30%, caracteriza o oligopólio de produção. Como eles estão geograficamente separados, podemos considerar que existem oligopólios regionais - Rússia e a dupla USA-Canadá.

A Figura em anexo mostra os maiores exportadores de gás natural do mundo.

A Rússia é de longe o maior exportador mundial com 23% e o Canadá vem em segundo com 11,5%. Além disso, é importante ressaltar a posição de grande exportadora da Noruega que, assim como no caso do petróleo, exporta praticamente toda a sua produção de gás natural.

O índice de Herfindahl na exportação de gás é 30,4% caracterizando a concentração na exportação de gás.

A próxima Figura apresenta os maiores importadores de gás natural do mundo. O índice de Herfindahl da importação de gás é 24,3%.

Como este índice é menor do que o índice da exportação, o poder de mercado está com os exportadores de gás, ao contrário do mercado de petróleo. Por isso, ainda não nasceu e, provavelmente, nunca nascerá uma OPEP do gás natural.

Além disso, observa-se que, com exceção da Ucrânia, os maiores importadores de gás natural também são países desenvolvidos e que, com exceção do Japão, existem grandes países exportadores por perto.

Os EUA são o maior importador de gás natural do mundo e o segundo maior produtor. Isto agrava a situação do mercado de gás da América do Norte porque os EUA tem o poder de definir o preço do gás natural na região.

Observa-se também que as exportações e importações totais representam apenas 41% da produção total. Isto significa que o gás natural não é tão comercializado como o petróleo, cujas exportações e importações representam 52% e 55% respectivamente.

A razão para isso é simples, o transporte do gás é mais complicado.

Enquanto o petróleo pode ser transportado por dutos, navios, trens e caminhões, o gás natural é transportado apenas por dutos.

O transporte em navios ainda é pouco utilizado porque requer a liquidificação do gás para diminuir seu volume e este processo requer investimentos nas estações de liquidificação e gaseificação e consome muita energia. Além disso, para que seja economicamente viável, este processo necessita de um volume mínimo elevado de gás a ser transportado.

A distribuição também deve ser feita por dutos e este investimento é caro e demanda tempo. A distribuição dos gás comprimido, mas não liquefeito, em recipientes é possível mas os volumes viáveis são menores.

Esta Figura apresenta as reservas de gás natural conforme as regiões do planeta.

Observa-se que as reservas do Oriente Médio e da Eurasia representam 74% das reservas mundiais enquanto a América Latina possui apenas 4%. O índice de Herfindahl modificado é de 54% para as reservas de gás natural e de 61% para as reservas de petróleo. Estes índices explicam, em parte, a localização dos conflitos mundiais.

No entanto, é importante observar que as reservas da América Latina são da mesma ordem de grandeza das reservas da América do Norte, onde se encontra o maior consumo. Por sua vez, as reservas da América Latina, estão extremamente concentradas, com índice de Herfindahl de 63% na Venezuela, Trinidad e Bolívia.

Isto explica os conflitos energéticos que estamos vivendo.

Além disso, a próxima Figura mostra que a Rússia e o Irã sozinhos são responsáveis por 43% das reservas conhecidas atualmente e o índice de Herfindahl por país de 36% comprova a concentração desta fonte energética.

Por outro lado, a evolução das reservas brasileiras provadas de gás estão evoluindo conforme a próxima Figura. Observa-se que as reservas no mar estão crescendo mas as reservas em terra estão decrescendo. Isto significa que maiores investimentos serão necessários para a exploração dessas reservas. Contudo, as reservas continuam concentradas no estado do Rio de Janeiro e o Nordeste continua sem disponibilidade desta fonte de energia. Portanto, a situação das térmicas a gás natural no Nordeste continua complicada.

Além disso, segundo a Petrobrás, de 1999 até 2003:

  •  a demanda de gás natural pela indústria brasileira tem crescido 16% ao ano,

  •  a demanda automotiva tem crescido 53% ao ano,

  •  a demanda comercial e residencial tem crescido 29% ao ano,

  •  a demanda para geração de energia elétrica cresceu 112% ao ano,

  •  e a demanda total, considerando todos seguimentos, cresceu 23% ao ano.

Este crescimento é extremamente elevado para qualquer tipo de indústria, em particular para o seguimento de óleo e gás, e demonstra o impacto do gás natural na matriz energética brasileira e na geração de energia elétrica.

Apesar disso, o consumo ainda encontra-se extremamente concentrado. A maioria - 99% - do total de um milhão de consumidores de gás natural encontra-se nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Além disso, 86% da rede de distribuição também se encontra nesses dois estados. Isto significa que os investimentos na área de distribuição de gás natural e no uso final serão volumosos. A Petrobrás estima os investimentos, apenas em gasodutos, em cerca de US$ 3,5 bilhões até 2007.

Os EUA continua sendo o país que mais gera eletricidade com gás natural no mundo, sendo responsável por 23% da produção mundial. Além disso, a geração de eletricidade a partir do gás natural é três vezes maior do que a energia gerada a partir do óleo e cresceu 6,5% entre 2005 e 2006. Contudo, o índice de Herfindahl de 27% de geração elétrica com gás demonstra uma maior concentração no uso desse insumo do que o óleo.

A grande questão é: Temos e/ou teremos gás suficiente?