Introdução
A Energia Elétrica possui características únicas, que a diferenciam das demais fontes de energia:
-
Ela não existe na natureza, exceto momentaneamente nos raios e relâmpagos;
-
Ela não pode ser armazenada na sua forma natural;
-
Ela pode ser transformada em praticamente todas as outras formas de energia;
-
Ela não pode ser transportada livremente pelo mundo;
-
A vida civilizada, como conhecemos atualmente, seria inviável sem ela.
Conforme pode ser visto na Figura, a distribuição não é equitativa no planeta.
O vídeo mostra a importância da eletricidade na vida moderna
O Produto Interno Bruto - PIB - é uma importante medida do desenvolvimento econômico das nações assim como o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH - é uma importante medida do desenvolvimento social das nações.
Amartya Sen ganhou o prêmio Nobel de Economia em 1998 com o desenvolvimento do IDH.
O IDH e o PIB têm forte correlação com o consumo de energia elétrica per capita. Isto demonstra a importância da energia elétrica, não só para a atividade econômica, mas também para a melhoria da qualidade de vida dos povos.
A Figura em anexo apresenta a evolução do consumo de energia elétrica per capita para Argentina, Brasil, China, Rússia e Índia. Observa-se que a Rússia encontra-se em patamar mais elevado indicando um maior IDH e a Argentina, apesar de ter uma economia inferior ao dos demais países possui um consumo per capita maior. A próxima Figura mostra a evolução do consumo per capita de países com elevado índice IDH. Observa-se que os EUA não aparecem no nível mais elevado e que o consumo per capita desses países é 10 vezes maior do o consumo dos países em desenvolvimento.
A Figura em anexo apresenta a evolução do PIB e do consumo de energia elétrica no Brasil. Observa-se que o consumo de energia elétrica é crescente e acompanha a evolução do PIB. O efeito nefasto do racionamento de energia em 2001 no PIB é bastante claro e o consumo de energia elétrica demorou 2,5 anos para retornar ao nível anterior ao racionamento.
A geração de energia no Brasil é predominantemente hidrelétrica. Portanto, a quantidade de água armazenada nos reservatórios representa o estoque de energia disponível e, em função disso, o nível médio dos reservatórios é um dos parâmetros mais importantes na geração de energia no Brasil.
Os atalhos abaixo mostram o nível equivalente dos reservatórios dos subsistemas brasileiros.
Observa-se que a energia armazenada na região Nordeste diminuiu, ano após ano, desde de 1997 até o racionamento em 2001. Em 2002, em função do racionamento, o nível subiu, mas no final de 2003 o nível atingiu novamente o ponto crítico.
As usinas termelétricas do nordeste foram despachadas mas não havia gás suficiente para a operação simultânea de todas elas. A solução foi acionar as térmicas emergenciais que operam com óleo combustível e óleo diesel. Por sorte, em Janeiro de 2004 as chuvas foram generosas tanto no nordeste como no sudeste.
Enquanto isso, quando todos achavam que a situação energética estava sobre controle, a maior seca na região sul nos últimos quarenta anos deixou os reservatórios em situação crítica. Observa-se que valores mínimos estão sendo atingidos todos os anos nesta região.
Enquanto isso, a crise na Argentina, apesar de diferente, mostrou que o problema energético não é apenas brasileiro. A preocupação governamental em congelar os preços dos energéticos produziu uma situação de desabastecimento que será mais analisada no decorrer do curso.
A grande questão é:
Como garantir o suprimento de energia de forma segura e econômica?
