
Lobby por Angra 3 é retomado em 2004
Valor Econômico 8/12/2003
A Eletrobrás, os fabricantes de equipamentos elétricos, deputados federais e integrantes do governo estão tentando viabilizar a retomada da construção da usina nuclear de Angra 3 no próximo ano. A Eletrobrás já teria enviado proposta de construção da usina em 2004 à pauta da próxima reunião do Conselho Nacional de política Energética (CNPE), que deverá ocorrer ainda neste ano.
Além disso, os deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara destinaram emendas ao orçamento e ao Plano Plurianual (PPA) que somam R$ 1,3 bilhão para a construção da usina. E, recentemente, Zieli Thomé, presidente da estatal Eletronuclear, empresa subsidiária da Eletrobrás que opera as usinas de Angra 1 e 2, assumiu a vice-presidência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O presidente da Eletronuclear é um dos mais entusiastas defensores da construção de Angra 3. Ele afirma que a usina poderá disponibilizar, em 2010, a potência equivalente à de uma hidrelétrica com 2.400 megawatts, suprindo 34% da demanda do Estado do Rio. Diz, ainda, que as bem-sucedidas experiências norte-americana e francesa na geração de energia nuclear atestam a existência de formas seguras de armazenagem do lixo atômico.
Já os fabricantes de equipamentos têm interesse na retomada das encomendas do setor elétrico, paralisadas neste ano por conta das indefinições regulatórias do setor elétrico. Na Siemens, por exemplo, o setor elétrico respondeu por 43% das encomendas em 2002, mas, em 2003, a participação do setor no faturamento da empresa caiu para 15%.
Estima-se que dos US$ 1,8 bilhão necessários para a conclusão de Angra 3, cerca de US$ 400 milhões seriam gastos com empresas nacionais de equipamentos. Os serviços como obras civis, de engenharia e montagem eletromecânica demandariam outros US$ 900 milhões.
Como os investimentos teriam que vir em parte da Eletrobrás, a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados destinou emendas ao orçamento de R$ 500 milhões para 2004, e de R$ 800 milhões ao Plano Plurianual (PPA).
O vice-presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, Eduardo Sciarra (PFL- PR), afirmou que as obras de Angra 3 proporcionarão 8 mil novos empregos diretos e 15 mil indiretos . "Além disto, já foram investidos US$ 750 milhões na compra de equipamentos, que acabarão sendo perdidos". Sciarra acredita ainda que os prejuízos ambientais de construção de uma terceira usina nuclear já foram minimizados com a construção das duas primeiras, no mesmo local. (LC)