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Após veto de Dilma, Dirceu defende Angra 3

(Mônica Tavares e Gerson Camarotti) O Globo on line 14/4/2005

BRASÍLIA. Um dia depois de sofrer derrota no Senado — com o veto a José Fantine, seu indicado, para o comando da Agência Nacional do Petróleo (ANP) — a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, sofreu novo revés ontem. Mas desta vez o fogo, embora pesado, foi amigo. O voto contrário de Dilma à construção de Angra 3 não impediu que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, defendesse veementemente a usina nuclear em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Dirceu pediu vista no processo de apreciação e comunicou que vai expressar sua posição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— A minha opinião é que Angra 3 precisa ser feita agora, imediatamente. Politicamente, estrategicamente, Angra 3 tem que ser feita. Vou analisar o relatório do Ministério de Ciência e Tecnologia, e do Ministério do Meio Ambiente, que achei muito inconsistente, e levar a minha opinião ao presidente da República — afirmou José Dirceu durante a reunião.

Planalto seria a favor da continuação das obras. Rapidamente, o confronto de Dilma e Dirceu já circulava no início da noite de ontem no Congresso, onde senadores com acesso a Dirceu diziam que o chefe da Casa Civil teria sido ainda mais explícito na reunião:

- mesmo que os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente sejam contrários à usina nuclear, a posição do Palácio do Planalto é pela construção de Angra 3 — um investimento de quase US$ 2 bilhões.

Antes do pedido de vista, votaram os ministérios de Minas e Energia (contra, em reunião anterior), Meio Ambiente (contra) e Ciência e Tecnologia (a favor). Será marcada em breve uma reunião extraordinária para tratar especificamente desse assunto, quando o CNPE deverá indicar ao presidente da República se as obras da usina devem ser retomadas ou não.

O Conselho funciona como uma espécie de consultoria técnica, mas parece que o Planalto já tem opinião formada. Em dezembro do ano passado, Dilma já havia apresentado seu parecer contrário à construção da usina nuclear, alegando seu impacto na tarifa de energia.