Materiais Elétricos e Magnéticos

 

II. Propriedades dos Materiais

Propriedades Térmicas

As propriedades térmicas dos materiais são:

  1. Calor Específico;

  2. Condutividade Térmica;

  3. Difusão Térmica;

  4. Dilatação Térmica;

  5. Temperaturas de Trabalho;

  6. Temperaturas Notáveis;

  7. Calor Latente.

Calor Específico

Para aquecer qualquer material é necessário energia e sua quantidade depende do material, da sua massa e da sua temperatura.

Calor Específico é definido como:

Onde:

  1. C é a Capacidade Térmica [J/K];

  2. c é o Calor Específico [J/kg/K] ou [J/mol/K];

  3. cv é o calor específico a volume constante;

  4. cp é o calor específico a pressão constante;

  5. Q é o calor [J];

  6. T é a temperatura [°K ou C];

  7. U é a energia interna [J];

  8. p é a pressão [Pa];

  9. V ;e o volume [m3];

  10. H é a entalpia do sistema;

  11. m é a massa [kg ou mol].

Na prática, o aquecimento ou resfriamento pode ocorrer em diversas condições de temperatura e pressão. Por isso, costuma-se medir o Calor Específico dos materiais em duas condições; pressão constante e volume constante. A diferença entre estes valores só é significativa quando o material está no estado gasoso.

Para gases ideais, a relação entre os dois valores de calor específico é dada por:

Condutividade Térmica

A Condutividade Térmica é a capacidade do material conduzir calor em regime permanente, isto é, com perfil de temperatura constante e é definida pela equação de difusão de calor abaixo

Onde:

  1. q é o fluxo de calor [W/m2];

  2. k é a condutividade térmica [W/m/K};

  3. T é a temperatura [K];

  4. x é a distância [m].

A Condutividade Térmica depende do material conforme mostra a figura abaixo.

Observa-se que os metais sólidos apresentam as maiores condutividades térmicas e os materiais isolantes desgaseificados as menores.

Por que isto acontece?

Calor Específico de Sólidos  (J/mol/K)

Resistência Térmica

A Resistência Térmica é o inverso da Condutividade Térmica e é dada pela seguinte expressão:

Onde:

  1. L é o comprimento do material na direção do fluxo de calor [m];

  2. A é a área do material normal ao fluxo de calor [m2];

  3. k é a condutividade térmica do material [W/m/K];

  4. Rth é a resistência térmica do material [ K/W].

É importante observar que existe uma similaridade entre a resistência térmica e a resistência elétrica, entre o fluxo de calor e o fluxo de cargas elétricas (corrente) e entre a temperatura e a tensão elétrica. Por isso, as regras básicas de associação de resistências elétricas valem para as resistências térmicas.

Inércia Térmica

O aquecimento dos materiais não ocorre instantaneamente. A temperatura da água, quando colocada numa panela no fogão, aumenta lentamente e tempo gasto no aquecimento depende da quantidade de água na panela.

Devido à similaridade dos sistemas térmicos com os sistemas elétricos, este sistema térmico pode ser simulado como um circuito RC, conforme mostrado na figura abaixo. Conforme mostrado abaixo, a Capacitância Térmica é dada pelo produto da Massa pelo Calor Específico do material.

Calor Específico

Condutividade Térmica

Impedância Térmica

O conceito de Impedância Térmica é derivado direto da Inércia Térmica. A figura abaixo mostra este conceito. Quando aplicamos um degrau de calor a um sistema térmico, a temperatura varia conforme a expressão abaixo. A Impedância Térmica é definida como sendo a variação de temperatura dividida pela variação de calor. Este conceito é fundamental para o dimensionamento de dissipadores de calor em sistemas dinâmicos e durante eventos anormais, como curto-citcuitos.

Difusão Térmica

A Difusão Térmica é dada pela expressão abaixo e está relacionada no a constante de tempo térmica.

Onde:

  1. a é a difusão térmica [m2/s];

  2. k é condutividade térmica [W/m/K];

  3. cp é o calor específico [W.s/Kg];

  4. ρ é a densidade [ kg/m3];

  5. τ é a constante de tempo de difusão térmica [s];

  6. L é o comprimento do corpo no sentido do fluxo de calor [m]

A figura abaixo mostra a variação do Calor Específico em função da temperatura para diferentes materiais. Observa-se que o calor específico aumenta com a temperatura a partir do zero absoluto  mas passam a ter comportamento distinto  a partir da temperatura ambiente.

Na prática, a variação do calor específico com a temperatura  pode ser aproximada por polinômios  de quarta ordem.

Para gases monoatômicos ideais, o calor específico a volume constante é dado pela expressão abaixo:

O calor específico das substâncias pode ser aproximado pela regra Dulon-Petit acima, onde:

  1. R é a constante universal dos gases - 8,31 J/K/mol;

  2. M é a massa molar [kg/mol]

Dilatação Térmica

A maioria dos materiais dilata com o aumento da temperatura. A dilatação ocorre em todas as direções onde a dilatação linear - α-, a dilatação superficial - β- e a dilatação volumétrica -ϒ- são dados pelas expressões abaixo.

A água é o material com comportamento peculiar. Seu volume diminui com o aumento da temperatura até atingir o valor mínimo em 4°C e, a partir desta temperatura, o volume passa a aumentar com o aumento da temperatura. Por isso, o gelo se forma na superfície da água e flutua. Esta característica peculiar permite a existência de vida em rios, lagos e oceanos gelados.

Dilatação Térmica da Água

A Condutividade Térmica é um tensor de segunda ordem e pode ser escrita na forma tensorial da seguinte maneira:

De acordo com o teorema de Onsager, o tensor Condutividade Térmica é simétrico.

A condutividade térmica dos materiais varia com a temperatura da seguinte maneira:

A Dilatação Térmica também pode ser escrita como tensor de segunda ordem , conforme a expressão abaixo. Conforme baseado na água, o tensor dilatação varia com a temperatura e pode assumir valores positivos e negativos.

PP

Temperaturas de Trabalho

Como praticamente todas as propriedades dos materiais variam com a temperatura, os projetos de engenharia precisam especificar claramente as temperaturas limites de trabalho para os equipamentos e projetos. Normalmente, existem as seguintes temperaturas de trabalho:

  1. Temperatura Máxima de Trabalho;

  2.     É a temperatura máxima em que o material mantém suas propriedades dentro das especificações do projeto.

  3. Temperatura mínima de Trabalho;

  4.     É a temperatura mínima em que o material mantém suas propriedades dentro das especificações do projeto.

  5. Temperatura máxima de armazenamento;

  6.     É a temperatura máxima em que se pode armazenar o material sem que suas propriedades fiquem irreversivelmente alteradas.

  7. Temperatura mínima de armazenamento.

  8.     É a temperatura mínima em que se pode armazenar o material sem que suas propriedades fiquem irreversivelmente alteradas.

Por exemplo, a temperatura mínima de armazenamento da água na tubulação de distribuição pública é de 4 graus centígrados para evitar o congelamento. Por outro lado, numa fábrica de gelo, esta será a temperatura máxima de armazenamento.

Portanto, as temperaturas de trabalho dependem das propriedades dos materiais e das características da aplicação.

Onde:

  1. kl é a condutividade térmica de líquidos orgânicos [W/m/K];

  2. k é a condutividade térmica de sólidos e líquidos inorgânicos [W/m/K];

  3. A, B e C são constantes;

  4. T é a temperatura [K]

Condutividade Térmica - Compostos Inorgânicos

Condutividade Térmica - Compostos Orgânicos

Temperaturas Notáveis

A figura abaixo apresenta o estado físico dos materiais em função da temperatura e pressão. Observa-se que a fase do material depende da temperatura e pressão.

A fase do material é definida por sua estrutura. Mesmo substâncias, que possuem fórmula química definida, podem existir com diversas estruturas.

Em baixas temperaturas e elevadas pressões, os materiais se arrumam em estruturas compactas, normalmente cristalinas.

Com o aumento da temperatura e diminuição da pressão, os elementos básicos dos materiais adquirem energia suficiente para libertarem-se da estrutura compacta transformando-se em estruturas amorfas ou líquidas.

Aumentando-se ainda mais a temperatura e/ou reduzindo a pressão no material, os elementos básicos passam a ter um comportamento caótico e randômico, chamado de vapor.

Os materiais podem assumir mais de uma fase sólida. Quando isto ocorre, dizemos que o material possui formas alotrópicas. Por exemplo, a grafite e o diamante são formas alotrópicas do carbono. O Ferro também apresenta formas alotrópicas conforme mostra a figura abaixo. Observa-se que nestes casos, existem diversas temperaturas notáveis.

Os materiais podem existir simultaneamente em mais de uma fase. Por exemplo, a água existe simultaneamente no estado sólido, líquido e gasoso simultaneamente em determinados pontos da terra. Contudo, a fronteira entre as fases é claramente definida e possui dimensões finitas. O limite entre o gelo e água são claramente visíveis num lago ou oceano, assim como o limite entre a água e o vapor d’água numa panela.

A Curva de Fusão, mostarda na figura abaixo, representa a região onde a fase sólida e líquida existem simultaneamente em equilíbrio. Por sua vez, a Curva de Vaporização representa a região onde a fase líquida coexiste com a fase vapor em equilíbrio. Finalmente, a Curva de Sublimação representa a região de coexistência do sólido com o vapor em equilíbrio.

Estas três curvas convergem para o Ponto Triplo, única região onde as três fases existem em equilíbrio. o Ponto Triplo da Água ocorre na temperatura de 0,01°C e pressão de 0,61 kPa. Como o ponto triplo dos materiais é bem definido, ele é utilizado como referência para medidores de temperatura e pressão.

O pico da curva de vaporização de todos os materiais é chamado de Ponto Crítico. Neste ponto, a densidade do líquido fica igual à densidade do vapor e, em função disso, a fronteira entre vapor e líquido deixa de existir. Portanto, a partir deste ponto não há mais como distinguir o líquido do gasoso. Por isso, os materiais neste estado são chamados de fluídos. O Ponto Crítico da Água ocorre na temperatura de 647,3 K,  pressão de 22,09 MPa e volume específico de 0,0032 m3/kg.

Temperaturas Notáveis

Diagrama de Fases do Ferro Puro Formas Alotrópicas

Calor Latente

Calor latente é o calor liberado ou absorvido por um sistema termodinâmico isotérmico. Quando materiais mudam de fase, a transferência de calor ocorre sempre com temperatura constante. Portanto, a mudança de fase é um exemplo de processo isotérmico.

O Calor Latente dos materiais é definido como sendo o calor necessário para ocorrer mudança de fase a pressão constante e representa a diferença de energia entre os dois estados. A figura abaixo apresenta os diversos processos de mudança de fase possíveis para todos os materiais.

O Calor Latente é igual a:

Onde:

  1. Q é o Calor Latente [J];

  2. m é a massa [kg] ou [mol];

  3. ΔH é a Entalpia de Fusão, Vaporização ou Sublimação [kJ/kg] ou kJ/mol].


Nas mudanças de fase de sólido para líquido e vapor, a energia flui do meio exterior para o material porque a energia existente no estado sólido é menor.

O oposto ocorre nas mudanças de fase de vapor para líquido e sólido.

Isto significa que precisamos adicionar energia externa para derreter gelo e evaporar a água e retirar energia para fazer chover ou nevar.

Yaws, C., Chemical Properties Handbook, McGraw-Hill,1999

Yaws, C., Chemical Properties Handbook, McGraw-Hill,1999

Yaws, C., Chemical Properties Handbook, McGraw-Hill,1999