Materiais Elétricos e Magnéticos
Materiais Elétricos e Magnéticos
Constante Dielétrica e Perda Dielétrica
Dependendo da estrutura da matéria, o campo elétrico afetará a estrutura e o balanço das forças de atração e repulsão dentro dos materiais. As figuras abaixo apresentam a ação do campo elétrico nos átomos, ligações iônicas, moléculas e metais. Observa-se que em todos os casos, o campo elétrico externo produz um alinhamento das cargas elétricas existentes no material de modo que o campo elétrico no interior do material se modifica.
Onde:
• D é a densidade do fluxo elétrico [C/m2];
• P é o vetor de polarização [C/m2];
• E é a intensidade do campo elétrico [V/m];
• ε é a permissividade elétrica ou constante dielétrica do material [F/m];
• ε0 é a permissividade ou constante dielétrica do vácuo [8,854.10-12 F/m];
• εr é a permissividade ou constante dielétrica relativa do material;
• χe é a susceptibilidade elétrica do material.
As expressões acima podem ser escritas na forma tensorial de acordo coma expressão a abaixo. Observa-se que a Densidade de Fluxo Elétrico e a Intensidade de Campo Elétrico são tensores de primeira ordem e, consequentemente, a Constante Dielétrica dos materiais é um tensor de segunda ordem simétrico com as seguintes peculiaridades:
• os elementos diagonais são positivos;
• os elementos fora da diagonal podem ser negativos;
• os elementos fora da diagonal são menores, em módulo, do que os elementos da diagonal;
• os elementos são números complexos;
• os elementos variam com a frequência do campo elétrico porque, dependendo do tipo de carga, elas podem se orientar mais rapidamente ou não;
• a parte imaginária está associada à perda de energia que ocorre com a movimentação das cargas.
• a parte real e imaginária da constante dielétrica podem ter comportamentos e simetrias distintos com a frequência.
A Constante Dielétrica ou Permissividade Elétrica Relativa -εr - é a medida da capacidade do material de armazenar cargas elétricas e traduz, de forma macroscópica, os efeitos mostrados nas figuras acima. Ela varia em mais de 4 ordens de magnitude nos materiais isolantes.
Nos gases, em decorrência da baixa densidade, a constante dielétrica é um pouco maior do que um. Por exemplo, a constante dielétrica do ar na pressão de 1 atm é igual a 1,0006.
A maioria das cerâmicas e polímeros tem constante dielétrica na faixa entre 2 e 10, em função das ligações covalentes.
No caso de materiais com ligações iônicas, como o NaCl, a faixa situa-se entre 6 e 10. Materiais com elevados valores de constante dielétrica possuem mecanismos especiais de polarização que envolvem a rotação de dipolos ou transformação ferroelétrica de fase. A água, com constante dielétrica de 80 e o BaTiO3 (1000) são exemplos desses mecanismos.
O primeiro mecanismo mostrado nas figuras acima envolvendo as nuvens de elétrons existe em todos os materiais. Os outros mecanismos estão relacionados com o tipo de material envolvido.
Outro aspecto importante de ser observado é a diferença de massas e forças envolvidas nos quatro casos. Como a massa dos elétrons é muito pequena, a polarização elétrica ocasionada por eles responde a campos elétricos de alta frequência até a luz visível.
Por outro lado, como os íons são muito mais pesados do que os elétrons, a polarização iônica é sensível apenas até frequências próximas ao infravermelho.
Seguindo este raciocínio, as moléculas são mais pesadas que os íons e a polarização é sensível apenas até as microondas.
Finalmente, a polarização causada pela carga especial é sensível até a frequência de kilohertz.
O Eletromagnetismo explica de forma macroscópica este fenômeno, de acordo com a figura abaixo, através do vetor de Polarização - P - de acordo com as expressões abaixo:
A simplificação do tensor constante dielétrica depende da estrutura e da simetria do material, conforme as expressões abaixo.
Cristais Triclínicos
Exemplo : Wollastonita - CaSiO3
Cristais Monoclínicos
Exemplo: Gipsita - Ca(SO4).2H2O
Cristais Ortorrômbicos
Exemplo: Bertrandita - Be4Si2O7(OH)2
Cristais Cúbicos
Exemplo : Galena - PbS
Cristais Uniaxiais
(Tetragonal, Trigonal, Hexagonal e Grupo de Curie)
Exemplo - Zircão - ZrSiO4
Bertrandita do Brasil
Wollastonita
Gipsita
Zircão do Brasil
Fonte Fotos: wikipedia.org
A constante dielétrica é tudo menos uma constante. Ela depende da frequência, do campo elétrico, da temperatura, da pressão e de outras variáveis. Além disso, ela é uma grandeza complexa, possuindo uma parte real e outra imaginária, conforme as expressões abaixo.
Galena
Onde:
•ε é a constante dielétrica do material [F/m];
•εr é a constante dielétrica relativa do material;
•ε0 é a constante dielétrica do vácuo [ 8,85x10-12 F/m];
•ε’ é a parte real da constante dielétrica relativa do material;
•ε” é a parte imaginária da constante dielétrica relativa do material;
•δ é o ângulo de perdas do material;
•tan(δ) é o fator de dissipação do dielétrico;
•σ é a condutividade do dielétrico [S/m];
•ω é a frequência [rad/s].
Capacitância
A capacitância de duas placas paralelas pela expressão abaixo, onde:
•C é a capacitância [F];
•A é a área das placas [m2];
•d é a distância entre as placas [m];
Esta expressão é aproximada porque despreza os efeitos das bordas no campo elétrico entre as placas.
Observa-se que o material entre as placas paralelas pode ser representado por um capacitor em paralelo com um resistor.
Cargas
Átomos
Moléculas
Íons
Micro-onda
A variação da constante dielétrica com a frequência depende das ligações químicas predominantes no material, conforme mostra a figura abaixo.
Observa-se que a parte real da constante dielétrica permanece praticamente constante até as frequências de micro-ondas. Contudo, a parte imaginária, que está associada com as perdas, diminui até as frequências de micro-ondas e depois apresenta um aumento.
Fonte: Agilent Technologies, Basics of Measuring the Dielectric Properties of Materials - Application Note, site.
Dependendo da aplicação, existem os seguintes métodos de medição:
•Pontes de impedância;
•Transmissão/Reflexão de ondas;
•Ressonância;
•Linha de Transmissão.
Ponte de Schering
A Ponte de Schering é utilizada para medições de capacitâncias e, indiretamente a constante dielétrica, para frequências entre 0 até 10 MHz. A capacitância Cx é medida através do ajuste da resistência R4 e o fator de dissipação pelo ajuste de C4.
Forno de Micro-ondas
O forno de micro-ondas é a aplicação prática da constante dielétrica mais conhecida na vida cotidiana moderna. Capacitores são mais importantes porque estão presentes na maioria dos equipamentos elétricos e eletrônicos mas não são visíveis ao público leigo.
O forno de micro-ondas consiste basicamente numa fonte de ondas eletromagnéticas de frequência fixa ( ⋍2,4 GHz ) que, ao se propagar através dos materiais, produz aquecimento.
Todos nós sabemos que não se deve colocar qualquer material no forno de micro-ondas. Além disso, sabemos que alimentos diferentes comportam-se de forma distinta no forno. Como explicar teoricamente este conhecimento empírico?
O campo elétrico de uma onda eletromagnética plana e uniforme propagando em um material dielétrico homogêneo e isotrópico será dada por:
Medição da Constante Dielétrica da Água
A profundidade de penetração, definida como sendo o inverso da constante de atenuação, representa a distancia percorrida pela onda eletromagnética para que a amplitude do campo elétrico diminua 63% (1/e). Isto significa que ela mede a capacidade de penetração de determinada onda eletromagnética no material em questão.
A densidade de potência dissipada no material é dada pela expressão abaixo e, analogamente ao campo elétrico, defini-se a profundidade de penetração de potência como sendo a metade da profundidade de penetração do campo elétrico. Isto significa que, dependendo da constante dielétrica do material e da frequência da onda eletromagnética, o aquecimento ocorrerá de forma diferente.
Onde:
•α é o fator de atenuação [1/m];
•β é a constante de fase [1/m].
O comprimento de onda - λ - e a impedância intrínseca - η - serão dados por:
Experiências com Forno de micro-ondas